דע לפני מי אתה עומד - (Da'a lipheney miy 'atah 'omed) Saiba diante de quem tu estás.

VERDADE BÍBLICA

Yeshua disse: Não penseis que vim destruir a Torah (Lei) ou os profetas; não vim para destruí-los, mas para cumprí-los. (Mt 5.17)

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terça-feira, 27 de abril de 2010

Escrevi no primeiro post algumas lembranças de minha infância. Agora prossigo escrevendo outras.
Existia em Queimados uma igreja de fé católica romana dedicada a uma santa, se não me engano, a Nossa Senhora da Conceição, uma das denominações que a igreja católica dá a Maria, mãe do Messias Yeshua, que todo mês de maio realizava festas. Recordo as procissões, as pessoas carregando o andor com a imagem, as beatas e o povo em geral fazendo suas rezas e cantorias durante o trajeto da procissão; saia-se da igreja com a imagem e depois se retornava ao ponto de partida. Durante esse período de festa havia muitas barraquinhas que vendiam comida, imagens, terços e produtos diversos. Também havia as missas ministradas por um padre que as más ou boas línguas afirmavam que tinha mulher e filhos e que saía com a polícia para fazer blitze, naquele período sombrio da ditadura militar, onde pessoas fardadas e civis sofriam as agruras de viver em um país satélite de duas superpotências, EUA e URSS, que brigando entre si não se agrediam, mas deixavam isso para os nanicos que escolhessem um ou outro lado, o sistema socialista ou capitalista. É claro que tudo isso estava oculto para mim, falo da controvérsia EUA X URSS, uma criança de oito anos. Assim como para uma grande maioria da população que o governo cegou ao limtar, via censura, as informações necessárias para se ter tal conhecimento. Talvez, naquele tempo o Brasil, salvo algumas exceções, fosse como uma criança de oito anos: não sabia de nada!

domingo, 25 de abril de 2010


Eu me lembro da minha infância. Não muito, porque a minha memória remota ainda não chegou ao estágio da dos idosos, se Deus quiser conseguirei esse feito. Tenho boas e más recordações da meninice. Fato que é comum a todos os seres humanos, mas que é singular para mim porque é a minha vivência e experiência e não a dos outros. Se fosse de outro também o seria, para este como a minha é para mim.
Assim, começo a narrativa a partir da mudança da família para Queimados, na época, distrito de Nova Iguaçu. Saímos de Padre Miguel e queimamos os pés em Queimados. Lá, era um local bem atrasado e quente, de ruas sem asfalto e tão empoeiradas quanto os móveis de casa que ficavam, mesmo com a limpeza que minha mãe fazia, nesse estado sempre que passava um automóvel ou o raríssimo ônibus. Isto ocorreu mais ou menos há quarenta anos, se não me falha a matemática, mas conservo em minha lembrança a poeira produzida pelos veículos, uma nuvem branca que baixava e depois teimava em se levantar para o desespero das donas de casa. Isso são coisas dos anos 70, ano do tricampeonato e do ufanismo que o Brasil vivia. E também do Mão Branca, que provavelmente seria o esquadrão da morte, um grupo de extermínio da época, o qual os jornais A Notícia e O Dia muito apresentaram em suas manchetes ao noticiar os homicídios atribuídos e operados por ele.


Em Queimados, vivi e vi muitas coisas acontecerem, tive um coleguinha chamado Luís cujo pai foi morto a machadada por um homem que recebera permissão para dormir na casa da vítima; outro, faleceu devido à raiva humana, o Hélio; também passamos quase um mês comendo macarrão com colorau, produtos fiados por dona Eurídice porque o pai não estava recebendo da fábrica em que trabalhava como tecelão. O que me levou a ficar anos sem nenhuma vontade de comer esse tipo de massa. Além disso, tive a minha experiência educacional através do MOBRAL, com pouco mais de oito anos via- me sendo alfabetizado por este programa que era dirigido aos adultos ditos analfabetos. depois, fui ter aulas com uma explicadora e aprendi um pouco mais do que seria o mundo das letras e matemática e pela primeira vez tive contato com o preconceito. Não que eu tenha sido tratado com desdém por ser de família pobre ou por outro motivo como cor da pele. Não, o motivo do preconceito, bobo que era como é todo preconceito, era o meu cabelo. Na época, ele estava meio grande e foi obejto de censura! Uma amiga da explicadora disse que só daria aulas para meninos que tivessem o cabelo cortado e dispensaria os de cabelos mais compridos. Coisinha boba, não? Mas, imagine o que existia de coisas piores (preconceitos) naquele momento histórico que o Brasil passava? Entretanto, sobrevivi ao preconceito. Mas os meus cabelos não resistiram ao tempo; agora não ouviria aquelas palavras da amiga de minha explicadora.


Bola de gude, garrafão, pique cola, bandeirinha, pique-esconde, pera, uva, mação ou salada de frutas - não se passava da uva, que correspondia, salvo engano, a um beijo no rosto e nunca se chegava à salada-de-fruta, ao beijo na boca - jogar bola e muita caminhada pelos terrenos baldios do bairro onde morava - creio que se chamava Granja Alzira - tudo isso é parte substancial de minha infância. É, sou do tempo em que não existia video-game e se existisse algum jogo eletrônico estaria tão distante de mim quanto o dinheiro do bolso do meu pai, que só trabalhava para manter a família. Mas, foi legal isso. Olhando hoje para o passado e confrontando-o com as possibilidades do presente, vejo que o Brasil, mesmo sendo ainda muito injusto, melhorou um pouco. Pelo menos pode-se tomar Coca-Cola todo dia; quando era pequeno somente em festas e ocasiões especiais porque o dinheiro não sobrava para ter esse prazer rotineiramente. Hoje, embora não sobre dinheiro na mão do pobre, há mais acesso a certos bens de consumo. No passado, Ki-Suco era o refri dos mais duros do país dos duros. prossegue.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Empresários do engano

- Vamos, é fácil. Insiste o João.
- não sei, pode dar problema! Telmo respondia temeroso.
- olha só! Não vamos roubar ninguém, apenas pedir e quem der, deu.
- Tá bem, mais se der algo errado eu me mando.
- Ótimo. Aqui estão à bengala, os óculos escuros e a...
- Cara-de-pau. Falou jocosamente o Telmo.
- Não, a xerox para você distribuir aos passageiros dos ônibus. Feito?
- Sim, mas...
-Mas, o que? Tá tudo firme, você agora é o meu auxiliar. O assessor de cego.
João e Telmo chegaram a um acordo: passariam a trabalhar como cego e auxiliar. A função deles seria: ao João caberia fingir-se de cego e discursar; fazer um discurso que alcance emoção do ouvintes ou a sua consciência e a Telmo, ser o acompanhante, ou melhor o entregador das xerox e recebedor das doações dos incautos.
Uma pequena dose de arte deve ter quem se propõe a enganar o próximo. Sabendo disso, João passou a ensaiar como se comporta um deficiente visual. Primeiro, tentou imitar o andar e a forma com que um cego movimenta a bengala. E em segundo lugar, mesmo usando óculos escuros, treinou o olhar. Coisa que é muito peculiar ao verdadeiro deficiente visual. Na verdade, João exercitava o não-olhar para ser bem sucedido em sua nova "profissão" e porque é um paquerador de marca maior: não pode ver um rabo de saia que logo mete o olhão. Sua cabeça e olhos não param quando está na rua, pois quer ver todas as mulheres que passam a sua volta. Fato que seria bem embaraçoso para um cego.
Depois de muitos ensaios os dois partiram para por em ação o seu objetivo: enganar o próximo. Nervosos entraram no primeiro ônibus que veio. Telmo rapidamente começou a entregar os papeis xerocados. E o João, a usar a sua lábia. Em seu discurso, ele dizia que o mercado de trabalho estava difícil para todos e principalmente para os deficientes e por isso estava ali, levantando a mão à caridade pública, porque é melhor pedir do que roubar. Na verdade o impostor se utiliza da mesma cantilena que todos os seus semelhantes repetem nos transportes coletivos e ruas da cidade.
-Foi boa a nossa féria? Indagava Telmo depois de soltar do ônibus.
- Que nada! O pessoal dessa linha é muito muquirana, vamos tentar outra! Respondeu João meio desapontado com o dinheiro recolhido.Ditas estas palavras fizeram sinal para o ônibus que se aproximava do ponto. Entretanto, o motorista negou-lhes a entrada porque o veículo é dotado de câmara. Ao que reagiu o safado com desaforos. E, serenados os ânimos, entraram em outro. E iniciaram os "trabalhos".
- Bom dia senhores passageiros. Estou aqui levantando minha mão à caridade publica porque estou em dificuldades. vocês sabem como está difícil para todos o mercado de trabalho. Para nós deficientes é muito mais. Por isso venho pedir uma ajuda; serve uma moedinha, vale transporte, tíquete refeição; qualquer ajuda é bem vinda. Obrigado e vão com Deus! Assim, falava o João conseguindo angariar alguns cobres dos inocentes!
-E aí foi bom? Inquiriu Telmo animado, pois viu a colaboração das vítimas.
-Calma, meu irmão! Depois vemos! Agora é dar muito na vista. João respondeu meio chateado ao interesse do seu parceiro.
-No fim do dia nós conferimos e dividimos o dinheiro. Ta certo, Telmo?
-Tá bom.
Depois de rodar o dia todo de ônibus, descendo a poucos metros de pegá-los. O tempo certo de angariar as doações. Finalizaram o dia de “trabalho” e partiram felizes para suas casas, sabendo que no dia seguinte teriam a mesma ou quem sabe, quantia superior, a conseguida no primeiro dia da nova “profissão”. Porque agora eram empresários do engano cujo investimento, mínimo que era lhes dava um lucro tamanho, posto que investissem somente uns reais em xerox, um pouco de saliva e tempo.
-João nós somos gente que faz! Diz Telmo jocosamente.
- É, somos. Ainda bem que a cada minuto nasce um otário. Até amanhã. Descansa que amanhã teremos um dia muito cansativo de “trabalho”! Os dois se despediram e foram deixar o cansaço em suas camas. Bem, depois de relaxar no bar do seu Manuel, pois ninguém é de ferro.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ludmila, A Maria...

Ludmila sempre foi bela. Ela sempre será o que sempre foi: um tesão. Vindo e indo, Lud, como é tratada carinhosamente pelos amigos, atrai os olhares de todos. Muitos desejaram-na pela sua beleza, porém, poucos tiveram acesso aos encantos dela. Ela sempre foi muito seletiva: somente saía com alguém que tivesse algo a ofereer. Não que Ludmila tenha se prostituído ou coisa semelhante, o fato é ela não via futuro em nenhum dos seus vizinhos e quando diz futuro quer dizer, dinheiro, o vil metal que todos correm atrás, e posses. Então, fazia acepção de pessoas: Tão-somente saía com quem julgasse ter algo a oferecer. Os sem-nada ficavam sem nada. Pensando assim, Ludmila teve algumas fases em sua vida. Houve uma parte de sua vida em que os homens que dirigissem um carro de luxo foram os alvos preferenciais dela, com isso muitos motorista de madame se deram bem. Bastava uma boa conversa e aquele cherinho de gasolina e um carro de porte que Ludmila se abria como uma flor. Os vizinhos não perdiam tempo e por despeito várias vezes o muro da casa dela foi pichado com frases que lembravam essa sua opção.
Lud já foi Maria Chuteira. Klebinho garoto nascido e criado no bairro começou a jogar futebol e conseguiu ser contratado por um grande clube carioca. Ao saber disso Ludmila rapidamente voltou seu olhar para o Kleber, o qual nunca foi nem notado por ela. Porém, agora, sim. Porque Ludmila via nele um futuro e a possibilidade de sair daquela lama, a pobreza e o anonimato. O jogador que não é bobo nem nada se fez de desentendido e passou a circular pra lá e pra cá com a Ludmila. Fez-se de namoradinho dela para usufruir de seus encantos até que conseguisse alguém, segundo pensava, melhor. Dizendo com isso que esperava quem realmente gostasse dele e não do provável futuro melhor que pudesse dar. No entato, a vida é uma caixinha de surpresas. E para Ludmila esta não foi nem um pouco agradável. O seu sonho de vida melhor, de flash e luxo tornou-se em nada como a carreira promissora de Klebinho. A qual ruiu com os seus vícios, noitadas e arrogâncias com que tratava os outros, pois em pouco tempo este ficou inutilizado para o futebol assim, como também para ser companhia de Lud.
Depois dessa aventura pelo mundo do futebol nossa Lud tentou o entrar em outro mundo, o do comércio. Ela conheceu um certo homem, um comerciante, que possui algumas lojas de móveis pela cidade. De várias maneira s se insinuou para o homem. Desde usar uma roupa bem provocante a quase se desnudar diante dele, nada surtiu efeito. Por fim, foi direta ao ponto e para sua surpresa dscobriu que João - este é o nome do comerciante - é Joana e prefere a companhia de meninos à das meninas. Então, ela jogou a toalha e desistiu e partiu para cima do Eriberto, o dono da concessionária de carros que para seu espanto e desilusão prefere a companhia da Joana, isto é , do dono da loja de móveis. Levada de vencida, Ludmila começou a desconfiar que tinha dedo podre para homem. Em um mês escolhera duas bibas! E todos os outros só queriam curtição e um, o Klebinho, jogou o seu futuro para o lixo; sem contar os mtoristas de madame que... Mas, logo Lud deixou de lado essas suas divagações e já arquitetava novas investidas, porque deseja sair da pobreza, do aninimato e vê que somente com um bom casamento pode isto acontecer. E, estudar e trabalhar nem pensar, o negócio é achar um otário que me banque.
Ludmila, porém não contava que o destino é irônico, ou melhor, a biologia, porque desde que os meninos passam a sentir atração por meninas, um certo Lucas que fora criado juntamente com ela, sempre a desejara, não sendo, porém, correspondido porque como os seus vizinhos não tinha o que oferecer, na visão dela muito dinheiro e bens, mas que lutando contra a indiferença de Ludmila nutria o seu amor irrealizável por ela. No entanto, se entendermos que realizar um amor é ter relações sexuais, Lucas tornou real o seu. Posto que em um dia qualquer e do nada, Lud se entregou a ele e amaram-se como se fosse o último dia de vida dos dois. Passado estes momentos, Ludmila caiu em si e tentou fugir de Lucas, desvencilhar-se do pobre. Porquanto, um bom casamento é o seu objetivo. Entretanto, não conseguindo levar avante o seu desejo e já caidinha pelo Lucas tornou-se motivo de chacota de todos porque ele não era propriamente um milionário dos seus sonhos, sendo apenas um desses subempregados que a vida produz.
Ludmila não dar sorte na vida. Suas escolhas apontam isso. Mas, com o Lucas, ela foi inocente. Um acindente de carro o tirou dela. Ficando Lud sem o únco que, com sinceridade, a quis e com o filho desse pobre no ventre. Ludmila agora vive a sua vida!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Leonel

Leonel caminha pela calçada, leva consigo a placa de homem sanduíche, já é fim de tarde e ele deixa mais um dia de trabalho e cansaço para trás. Bem, o cansaço fica com ele, se juntando, no dia seguinte, a mais um dia de outdoor ambulante e outro cansaço. Leonel vive assim há cinco anos; sempre em uma calçada anunciando de tudo. De restaurante a quilo a compra de ouro; de roupas íntimas a cursos vários e acreditem até termas já passaram por suas costas e barriga. Às vezes, lhe dá uma revolta e pensa em largar tudo; quer um emprego melhor, mas vem a necessidade e não consegue, resignando-se em ser o que não quer mais ser. Ele olha as pessoas passando, cada uma com seus pensamentos e, talvez, problemas e se assusta com o individualismo a que estão submetidos. Não se reconhece nelas e sente que elas sentem o mesmo em relação a ele. Pensa consigo mesmo: Eta, que vida dura!
Leonel gosta de observar quem passa a sua volta. O seu desejo é se tornar escritor, mas tem preguiça de ler e busca em sua microrrealidade o possível suporte para fazer acontecer o escritor que vive em seu interior. Porém, sabe que isso é insuficiente. A leitura que faz dos rostos e corpos que cruzam o seu caminho acrescenta pouca coisa à sua vontade de escrever. Limita-lhe ainda mais o seu parco vocabulário, pois olhares de reprovação, bons dias arrastados, paqueras inusitadas e impedidas são apenas o sintoma de que por dentro o seu sonho está moribundo.
Certa vez, Leonel quase morreu. E, com ele morreriam os livros que acalenta como filhos. Em sua calçada, houve um assalto; correria, gritos, tiros e dois homens mortos e uma bala de raspão que feriu sua cabeça. Seria trágico se ele morresse, porque para Leonel vale aquela máxima de que um homem está completo quando escrever um livro, plantar uma árvore e tiver um filho. Bem, um filho já tivera. Maria Adelaide, a menina que trabalhava na pastelaria do Xing, lhe dera trela e depois de algumas conversas e beijos e uma boa transa num motel, o nascimento de Paulinho resolveu esta questão, apesar da pensão alimentícia. Pela natureza, demonstrava certo desprezo, então, se dependesse de plantar uma árvore para se completar, ele nunca chegaria esse estágio. Via que somente lhe faltava o livro para se sentir assim.
Trabalhando nessa calçada, o escritor em potencial viveu muitas outras “aventuras” além das que foram expostas. Um dia Leonel amanheceu meio, digamos diarréico. Imagina um homem sanduíche indo correndo ao banheiro? Sei que é meio escatológico, mas, merece registro. Estava nosso amigo exercendo sua função quando de repente sentiu aquela vontade incontrolável de ir ao banheiro, ou no dizer, popular de soltar um barro. Foi uma vontade inegociável, daquelas que nem se tem tempo para pensar. E, embora respondesse prontamente não se livrou do inconveniente de se sujar todo. Na pressa, correndo largara tudo pelo chão, sentou-se no vaso, abaixou a calça, esquecendo-se, entretanto, de fazer o mesmo com a cueca. Outra que lhe aconteceu foi a quase surra que levou de um homem que devia a um agiota. Estava lá Leonel de outdoor quando pego pela gola da camisa por um sujeito totalmente descontrolado, recebeu um monte de ofensas e ameaças só por que estava anunciando o mesmo agiota que fizera o mesmo com devedor, isto é, o sujeito descontrolado que pagou coma idêntica moeda a... Leonel. Ao agiota o devedor pagou com dinheiro.
Nosso Leo, apesar disso tudo, mantém a esperança e o desejo de ser um escritor. Crer ele que possui histórias e casos (reais ou imaginários) passíveis de serem postas no papel - para ele o computador ainda é um tabu – somente falta-lhe a coragem de sentar e dar liberdade à criação e ao talento que julga ter. Por isso, como um vouyer vive a espreitar vidas alheias aguardando dessa prática, conseguir subsídios para historiá-las como elas são e como não são. Por causa desse posicionamento já foi até chamado de fofoqueiro por pessoas que não querem entender como um outdoor-man possa querer ocupar um lugar que pensam ser tão-somente para os “letrados”. Para tais gentes, Leonel, não chegaria aos pés dos autores de livros e novelas, os quais mesmo afirmando que muitas vezes retiram matéria-prima de sua vivência e da dos outros são colocados em um pedestal fora do alcance dele. Mas, Leonel não desiste, apenas pensa: Eta, que vida dura!

Agenor,O Ultra-ortodoxo-radical Careca

Agenor é um assumido. Não, não há aqui nesta afirmação nenhuma conotação sexual; ele é um careca xiita, daqueles, bem ortodoxo. Pode-se dizer que se pudesse fundir um judeu ultra-ortodoxo com o mais radical dos islâmicos, sairia Agenor, o ultra-ortodoxo radical careca, que super-bem resolvido com a sua escassez capilar não aceita os eufemismos que as pessoas usam quando precisam se referir a sua cabeça, diz logo: Sou careca. A sua assunção da carequice é tamanha que participa de comunidades do Orkut do tipo: Sou careca, e daí?, Os carecas vão dominar o Mundo, Carecas Lindos e outras do gênero, tendo o cuidado de nem clicar naquelas que fazem referência a opção de ser careca, para ele a falta de cabelos não é uma escolha, é um dom sublime que somente aqueles iniciados nessa irmandade conseguem apreender o seu significado.
Tal qual um mestre que ensina aos seus discípulos, Agenor sana as dores e dúvidas dos neocarecas. Ele compreende que para alguns homens que sucumbem as exigências dos padrões de beleza atuais, que induzem a se pensar que um belo cabelo é sinônimo de dinheiro, fama, mulheres, além de outras benesses precisam ser orientados a ver o mundo com outro olhar, de um sem-cabelo. Sua tarefa, árdua que é, consiste em mostrar aos neófitos que há vida pós-calvície. Diz-lhes que o que importa é manter a auto-estima bem elevada, seguindo com a vida, pois nada mudará, isto é, somente o uso do pente será desnecessário e se economizará mais em xampus; no mais tudo ficará como antes. Um questionamento muito freqüente é com relação ao chamado sexo oposto. Sua ação é mostrar que a mulher quer um homem carinhoso, amigo, companheiro, resolvido e que tenha certos centímetros do seu corpo funcionando bem!
Agenor vivia essa vida que pregava com todas as suas forças desde os vinte e cinco anos, mas, a vida é como dizem os jogadores de futebol, uma caixinha de surpresas. Uma dessas surpresas bateu-lhe forte. Seu nome é Aninha. Vinte e um aninhos, corpinho meio violão; uma estudante que sempre passa em frente a sua banca de jornal, dá uma paradinha, fila as notícias e meneia a cabeça encabulada com os olhares dele. Diante disso, viu Agenor suas convicções caírem por terra porque aquela gata pareceu-lhe tão distante, quase inalcançável! De repente aquilo que era sua maior glória: ser careca tornou-se, ante suas inseguranças um fator desestabilizador, porque não conseguia traduzir em palavras o desejo que sentia por ela, elegeu a careca como a culpada de tudo. Então, cada vez que a via sentia-se mais e mais compelido a buscar um a solução para o que agora era o seu problema. Assim, certa vez foi trabalhar de boné; um dia passou em uma loja de perucas e comprou uma prótese capilar, mas não usou. Mas, o derradeiro feito foi consultar um dermatologista para tentar erradicar o seu antes objeto de orgulho.
De olhar em olhar, Agenor conseguiu chamara atenção de Aninha. Entre uma conversa e outra, se entenderam e iniciaram um relacionamento. Teve sua careca várias vezes beijada, acariciada e, até, elogiada por sua amada que desencucou e prometeu não mais entrar em parafuso por que pertence a irmandade dos carecas, voltando com toda a força a ser o guru dos afortunados pela queda capilar. Ele voltou a acreditar que é dos carecas que elas gostam mais, que ser careca é tudo! E abominou o período em que, por fraqueza, renegou a sua espécie, sua classe, e como um religioso penitente fez inúmeras promessas, nas quais estava explícito que não mais voltaria a cair no pecado de pensar que sua careca seja algum impedimento para ele; viu que beirando aos quarentas, uma gatinha de vinte e um anos, enxergou o que ele na teoria apregoava: que os carecas são demais! Por isso descontando o tempo em que a crise se instalou nele, voltou aportar-se muito bem com a sua condição, seguindo a tradição e o orgulho de ser um desprovido capilar, de fazer parte dessa irmandade dispersa pelo mundo que engloba muitos homens e uma minoria de mulheres dotadas desse inefável dom. Entretanto, agora sabendo que embora seja o mestre dos carecas também possui fraquezas e contradições como todo ser humano, podendo com isso compreender melhor as aflições dos seus irmãos. Agora, Agenor pensa que com Aninha fica bem mais fácil levar a carga de seus discípulos. Agenor é só alegria!

domingo, 11 de abril de 2010

Adrasteu VI

Ao ouvir esta fala de Io ( da Mulher) a Guerra e a Violência acometem a Júpiter e ele, sem ação, fica como enredado por elas. A partir dessa cena, Júpiter está sempre seguro por essas duas personagens.

Destino ( Para Júpiter): Eis que te saúdo, ó pai! Vim buscar o que é meu conforme predito pelo teu sentenciado, Adrasteu! Luatermso pelo poder, pelo domínio do Olimpo e pelo trono de teu pai, Saturno.E, então, saciarei a sede de descanso de minha mãe e a fome de justiça de Prometeu; um nosso parente que a exemplo de Saturno nem o laço de sangue existente entre ambos foi capaz de apaziguar tua ira! assim como fizeste com todos que te desagradaram, faço contigo! Sofrerás o mesmo mal deles!
Poder: Que entre Vulcano!
Entram Vulcano e Prometeu
Vulcano: Aqui estou, ó novo senhor do Olimpo! Quais as tuas ordens! Cumpri-la-ei como fiz com as dos teu predecessores. Aqui estou para servir.
Poder: Farás conforme falar o filho de Io! Não sairá de tua boca nenhum lamento por Júpiter tal qual fizeste ao acorrentar Prometeu. Tão-somente obedecerás por que um novo senhor é mais duro do que aquele que foi destronado. Vê tu que não lhe agrada lamento por Júpiter e seus asseclas.
Destino: Cala-te, ó Poder! Quem domina sobre o Olimpo? Quem lavra a sentença? Serás tu a fazê-los? Não, de certo, mas eu, o filho de Io, sim. Portanto, sob minhas ordens Vulcano me servirá e sob minhas ordens tu silenciarás, porque não pode haver dos cabeças sobre o trono de Saturno!
Poder ( fingindo concordar): Seja conforme a tua palavra, ó Destino!
Júpiter: Para ti meu filho se transferiu o poder. Dominas sobre tudo, estás acima até daqueles que não saíram de mulher! Porém, vejo que aquilo que foi esperança para uns, rapidamente se transforma e toma a forma daquilo que o precedeu. Cuidado...

Adrasteu V

Neste ponto, Destino e Poder ficam em silêncio e observam o diálogo entre Júpiter e a Mulher.
Mulher: Te calas por que estás sem força para fazer prevalecer tua vontade. Tua alma está corroída pelo inevitável!
Júpiter: Quem sabe seja isso? Ou quem sabe somente estou aguardando o momento para vingar-me dos meus inimigos, e então, fazer um bom negócio? Acaso, tu estás dentro de mim para saberes os meus intentos efraquezas? Vele para que não te enganem os teus desejos, eles podem ser fatais.
Mulher: Meus desejos não me enganam, se cumprirão ao ser liberto Prometeu! Io jubilará de alegria!
Júpiter: O que vê aguarda sua libertação, mas se eu...
Mulher: Tu não podes fazer nada. O que está determinado, determinado está.
Júpiter: Valem isso para os deuses? Ou apenas para os míseros mortais? Estamos todos envolvidos nas tramas do destino?
Mulher: Todos estamos envolvidos na trama do destrino que criamos.
Júpiter: Se é asim, que me serve o poder que conquistei? Pois vejo que juntar-me-ei bem depressa a Saturno e aos seus partidários no Tártaro!
Mulher: Sofrerás o que fizeste ao teu pai por que levantaste a mão contra o seu progenitor, coisa que mesmo entre os mortais é digna de reprovação e punição. Acaso, pensavas que estarias livre das consequencias de teus atos transloucados. Ninguém escapa da justiça!
Júpiter: Como sabes disso?
Mulher: Por que em tua presença está o meu filho!