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domingo, 25 de abril de 2010


Eu me lembro da minha infância. Não muito, porque a minha memória remota ainda não chegou ao estágio da dos idosos, se Deus quiser conseguirei esse feito. Tenho boas e más recordações da meninice. Fato que é comum a todos os seres humanos, mas que é singular para mim porque é a minha vivência e experiência e não a dos outros. Se fosse de outro também o seria, para este como a minha é para mim.
Assim, começo a narrativa a partir da mudança da família para Queimados, na época, distrito de Nova Iguaçu. Saímos de Padre Miguel e queimamos os pés em Queimados. Lá, era um local bem atrasado e quente, de ruas sem asfalto e tão empoeiradas quanto os móveis de casa que ficavam, mesmo com a limpeza que minha mãe fazia, nesse estado sempre que passava um automóvel ou o raríssimo ônibus. Isto ocorreu mais ou menos há quarenta anos, se não me falha a matemática, mas conservo em minha lembrança a poeira produzida pelos veículos, uma nuvem branca que baixava e depois teimava em se levantar para o desespero das donas de casa. Isso são coisas dos anos 70, ano do tricampeonato e do ufanismo que o Brasil vivia. E também do Mão Branca, que provavelmente seria o esquadrão da morte, um grupo de extermínio da época, o qual os jornais A Notícia e O Dia muito apresentaram em suas manchetes ao noticiar os homicídios atribuídos e operados por ele.


Em Queimados, vivi e vi muitas coisas acontecerem, tive um coleguinha chamado Luís cujo pai foi morto a machadada por um homem que recebera permissão para dormir na casa da vítima; outro, faleceu devido à raiva humana, o Hélio; também passamos quase um mês comendo macarrão com colorau, produtos fiados por dona Eurídice porque o pai não estava recebendo da fábrica em que trabalhava como tecelão. O que me levou a ficar anos sem nenhuma vontade de comer esse tipo de massa. Além disso, tive a minha experiência educacional através do MOBRAL, com pouco mais de oito anos via- me sendo alfabetizado por este programa que era dirigido aos adultos ditos analfabetos. depois, fui ter aulas com uma explicadora e aprendi um pouco mais do que seria o mundo das letras e matemática e pela primeira vez tive contato com o preconceito. Não que eu tenha sido tratado com desdém por ser de família pobre ou por outro motivo como cor da pele. Não, o motivo do preconceito, bobo que era como é todo preconceito, era o meu cabelo. Na época, ele estava meio grande e foi obejto de censura! Uma amiga da explicadora disse que só daria aulas para meninos que tivessem o cabelo cortado e dispensaria os de cabelos mais compridos. Coisinha boba, não? Mas, imagine o que existia de coisas piores (preconceitos) naquele momento histórico que o Brasil passava? Entretanto, sobrevivi ao preconceito. Mas os meus cabelos não resistiram ao tempo; agora não ouviria aquelas palavras da amiga de minha explicadora.


Bola de gude, garrafão, pique cola, bandeirinha, pique-esconde, pera, uva, mação ou salada de frutas - não se passava da uva, que correspondia, salvo engano, a um beijo no rosto e nunca se chegava à salada-de-fruta, ao beijo na boca - jogar bola e muita caminhada pelos terrenos baldios do bairro onde morava - creio que se chamava Granja Alzira - tudo isso é parte substancial de minha infância. É, sou do tempo em que não existia video-game e se existisse algum jogo eletrônico estaria tão distante de mim quanto o dinheiro do bolso do meu pai, que só trabalhava para manter a família. Mas, foi legal isso. Olhando hoje para o passado e confrontando-o com as possibilidades do presente, vejo que o Brasil, mesmo sendo ainda muito injusto, melhorou um pouco. Pelo menos pode-se tomar Coca-Cola todo dia; quando era pequeno somente em festas e ocasiões especiais porque o dinheiro não sobrava para ter esse prazer rotineiramente. Hoje, embora não sobre dinheiro na mão do pobre, há mais acesso a certos bens de consumo. No passado, Ki-Suco era o refri dos mais duros do país dos duros. prossegue.

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