Reaparece a Mulher
Mulher: Vejo que o embate final está próximo, que a balança há de pender para um lado e que o poder sobre os ombros do vencedor se aninha. E tu, ó Júpiter, estás abatido sem ao menos teres participado da batalha; parece que à medida que chega o dia fatídico, tu te mostras fraco e não vocifera como quem defende uma causa com fervor, a tua própria causa, pois demonstras teres entregues o império antes de esboçar qualquer reação. Vamos, esforça-te! Ao menos para cumprir de modo digno o teu fado, o qual inexorável que é, acontecerá. No entanto, viva-o com dignidade; isso espera o teu adversário: aquele que não é potestade nem homem: um hibrído que guerreará contra ti e os teus semelhantes e na força da sua vontade prevalecerá conseguindo o domínio sobre o Olimpo!
Júpiter: Ó que horro! O que me dizes não sucederá! de modo algum o Olimpo estará em mãos mortais. Permanecerá ele em meu poder ou nunca será entregue a esse ser abjeto. Entretanto,...
Mulher: O que foi predito acontecerá. No entanto, atenta para o que falei. Não disse que o ser era mortal, apenas enfatizei a sua natureza: não é potetasde, nem homem. Porém, calar-me-ei, revelar algo a mais acerca do teu rival não cabe a mim, mas somente àquele em que há o poder para isso: Prometeu.
Júpiter: Mas, ele odeia-me...
Mulher: Pensas, tu, como os tiranos. Põe-te no lugar do oprimido e verás que este não possui motivo algum para devotar a ti, seu detrator nada além do que o ódio. Acaso, quem está sob o jugo de um déspota pode ter outro sentimento? Vejo que não aprendeste nada durante o governo de Saturno, a não ser imitar-lhe nas suas obras.
Júpiter: Esta não é a herança dos filhos?
Mulher: Parece que sim. Entretanto, não podem eles escolher outro caminho ou estarão fadados a realimentarem o trabalho que os seus pais realizaram?
Júpiter: Talvez, possam Io, porém as exigências do poder e o receio de perdê-lo ocasionam suas ruínas.
Mulher: Por que me chamas por este nome?
Nenhum comentário:
Postar um comentário